Na caminhada cristã, não raro deparamo-nos com pensamentos (ou mesmo anseio) de fazer algo de grande monta para o reino de Deus; algo que tenha visibilidade diante de outros e provoque mudanças positivas para a glória do Senhor. Até aí, parece ser algo normal de um cristão que deseja que o nome do Senhor Jesus seja glorificado entre todos os povos e realmente quer contribuir. Além disso, há exemplos bíblicos e na histórica cristã de homens e mulheres cheios do Espírito Santo que atuaram de modo tão significativo que mudaram sua geração.
São histórias registradas no livro de Atos como de Paulo que de perseguidor, tornou-se perseguido e um aguerrido missionário aos gentios. Lídia, a vendedora de púrpura, da cidade de Tiatira, primeira mulher a se converter na Europa e que levou grande número de pessoas a Cristo. Também poderíamos falar do centurião Cornélio, autoridade romana, temente a Deus. E o casal Áquila e Priscila que com seu trabalho serviam e anunciavam as boas novas.
Na história cristã dos séculos XVIII e XIX, podemos citar William Carey, denominado de “pai das missões modernas” por ser uma referência de abnegação e trabalho de evangelização entre os não alcançados. Outros nomes são Adoniran Judson e Hudson Taylor, que trabalharam por décadas nas regiões do Oriente. Poderíamos alongar e citar inúmeros nomes de cristãos conhecidos, de ontem e de hoje, que por sua dedicação e trabalho, inspiram a servir à obra missionária.
Glórias a Deus por esses, mas junto a eles há uma infinidade de homens e mulheres desconhecidos pelos quais, Deus tem se revelado ao mundo. Seus nomes são desconhecidos dos livros de história, dos seminários teológicos, das agências missionárias ou de mobilização e até mesmo das grandes igrejas.
Nas páginas da bíblia encontramos alguns exemplos como o homem que levava o cântaro de água e que indicou a Pedro e João onde preparariam a última ceia (Lc 22.8-13). Ou o rapaz que tinha consigo cinco pães e dois peixes com os quais, o Mestre alimentou uma multidão de mais de cinco mil pessoas (Jo 6.5-13). Outrossim, mencionemos a “senhora eleita” de 2 Jo 1.1 que afigura ser uma mulher cristã a quem o apóstolo João encoraja na jornada. Nesses casos, o texto não nos informa o nome dessas pessoas, entretanto valoriza sua ação como colaborador do Reino de Deus. E do mesmo modo, ocorre em nossos dias, nos quatros cantos do planeta. É o ofertante que mensalmente, encaminha um valor para missões no nordeste brasileiro; é o fiel que se ajoelha em oração, clamando por envio de missionários para os povos muçulmanos. É o jovem que estuda linguagens porque quer atuar com tradução bíblica; é a idosa simples da periferia que, todas as manhãs, envia mensagens de ânimo para o missionário no campo e tantos outros. Seus nomes até podem ser desconhecidos, mas pela palavra de Deus, podemos afirmar que serão recompensados (Mt 10.42).
Por isso, podemos compreender que ninguém é verdadeiramente desconhecido ou está oculto diante do Senhor Deus. A obra missionária é feita por aqueles que vão ao campo, por aqueles que apoiam em oração, em sustento financeiro, em logística, em apoio emocional e psíquico, em fornecimento de material e treinamento. Ou seja, há diferentes modalidades de trabalho e todas elas são úteis para o fim que é a adoração a Deus entre todos os povos.
Não é o tamanho da tarefa, nem a visibilidade ou a notoriedade que demonstra a aprovação divina. Todos foram chamados a servir. As diferenças sociais, econômicas e de gênero dos cristãos ao redor do mundo não são os indicadores pelos quais Deus escolhe os que poderão servir em sua missão. Ao Mestre Jesus, senhor da seara, o fundamental é a fidelidade do servo no cumprimento de sua função. “Porque Deus não é injusto para se esquecer da vossa obra e do trabalho de amor que, para com o seu nome, mostrastes, enquanto servistes aos santos e ainda servis” (Hb 6.10) E não nos esqueçamos que como membros do corpo de Cristo, cada um é primordial para sua saúde e trabalho. Diante de Deus não há desconhecidos ou privilegiados.
Colunista: Sandra Mara Dantas