Povos minoritários do Brasil

Diante de um mundo dominado pela tecnologia e tanta informação disponível, parece ser improvável que alguém nunca tenha ouvido falar de Jesus Cristo, o salvador do mundo. No entanto, não é bem assim!! De acordo com os levantamentos de cristãos atuantes na evangelização mundial, como o Joshua Project (www.joshuaproject.net), há cerca de 13.000 povos em todo o mundo, dos quais, cerca de 40% deles são não alcançados, ou seja, ainda não conhecem Jesus e o plano da salvação e não tem condições, por si mesmos, de chegar ao conhecimento por não haver número mínimo de cristãos em seu meio. É um desafio considerável para a igreja, mas não é impossível visto que foi o próprio Jesus que afirmou: “assim como o Pai me enviou, também eu vos envio a vós” (Jo 20.21). Por seu sacrifício vicário, todo aquele que crer, poderá ser salvo. É um privilégio cumprir o “ide” de Jesus e anunciar o plano de salvação aos povos. Mas onde estão os povos não alcançados (PNAs)? Eles estão espalhados em todos os continentes, inclusive no Brasil. E aqui, de acordo com definição do missiólogo Ronaldo Lidório (2014), utiliza-se a nomenclatura povos minoritários. São assim chamados a fim de estabelecer ações missionárias específicas e são reconhecidamente oito grupos sendo sete socioculturais (indígenas, sertanejos, ribeirinhos, ciganos, quilombolas, refugiados e surdos) e um socioeconômico (os mais ricos dos ricos e os mais pobres dos pobres). Conheçamos um pouco mais de quatro deles  (os outros dois estão na próxima parte do texto que será publicadas em breve):

CIGANOS

Segundo estudos, é provável é que os ciganos se originaram na Índia e ao longo de séculos foram se espalhando pelos continentes, seja devido a perseguição, seja pelo apreço à vida nômade que os caracteriza. Com uma língua, hábitos e costumes próprios, são três os principais grupos: Ron, Calon e os Sinti.

Noelma Lopes (2021) preocupada em desmistificar a imagem negativa que ainda envolve os ciganos, esclarece que estes pertencem a diferentes religiões e que a ideia de que ser cigano é uma religião é uma falácia. Tal ideia pode estar relacionada ao provérbio cigano – “a terra é a minha pátria, o céu o meu teto e a liberdade é a minha religião!” – que indica o valor conferido à liberdade. Ser cigano implica supervalorizar a família e a vida comunitária, utilizar-se da oralidade como principal estratégia de preservação de sua identidade cultural, ter uma religiosidade sincrética que agrega elementos, símbolos e rituais de diferentes procedências e tendências e possuir uma cosmovisão particular que não está, necessariamente, vinculada a dominante no mundo ocidental. De acordo com o Relatório Brasil Cigano (2013), o primeiro registro de presença cigana no Brasil data de 1574, quando uma família da etnia Calon se fixou na região nordeste. O site www.comoouvirao.com.br destaca que o estado com o maior número de famílias ciganas é Bahia (2774) e o segundo, Minas Gerais (1182). Porém é possível encontrar acampamentos ciganos em 21 estados. Estima-se que haja cerca de 1 milhão de ciganos no Brasil com tímida presença evangélica. Noelma Lopes afirma que “existem menos de 50 missionários em tempo integral, e menos de 90 voluntários”, atuando nessas comunidades. É fundamental superar a estigmatização de que, infelizmente, a sociedade brasileira define os ciganos e compreendê-los em seu universo sociocultural para uma ação evangelística bem sucedida. A consideração do estilo nômade, seminômade e/ou sedentário das comunidades, o valor dos relacionamentos, a disposição para ouvir as narrativas e compartilhar a história da salvação são os pilares do preparo missionário para com os ciganos.

INDÍGENAS

Caracterizados pelo seu isolamento geográfico relativo às zonas urbanas, é possível identificar comunidades indígenas (ou nativos) em todo o país, mas sua maior concentração são as regiões norte e sul (http://comoouvirao.com.br/indigenas/). Das 344 etnias existentes, Ronaldo Lidório (2014) afirma que 117 ainda não possuem conhecimento do evangelho. Também chamadas de povos tradicionais, essas comunidades podem ser identificadas por alguns elementos comuns em sua cosmovisão que norteiam seus modos de perceber e agir no mundo. Sua história e os conhecimentos construídos são transmitidos de geração a geração por meio de contos e narrativas, predominantemente de modo oral e valorização dos mais idosos e experientes.

Com experiência de atuação entre os povos nativos, o missionário Iraquitan Carvalho (2021) afiança que, em geral, são existencialistas, demandando respostas objetivas para as demandas que se defrontam em seu cotidiano e, por isso, não se preocupam com acumulação para o futuro. O que é plausível, considerando que sua concepção de tempo é cíclica, dominado pelos eventos naturais como dia e norte, estações do ano, nascimento e morte. Acrescente-se que os mundos natural e sobrenatural coexistem e controlam a vida. De natureza relacional, possuem uma logicidade prática que fornece respostas para a existência imediata, sem preocupação com protocolos e acreditam que, na comunidade, há pessoas mais poderosas que outras e que devem ser reverenciadas. Vivemos em uma sociedade majoritariamente urbanizada, também chamada de globalizada, que, aparentemente, possui os mesmos padrões para todos os povos. E ainda que as pressões e a influência externas sejam consideráveis, sabemos que não há unanimidade e os povos resguardam aspectos de sua identidade, de seu universo cultural. Portanto, na evangelização dos povos indígenas é fundamental comunicar o evangelho de modo compreensível e relevante, respondendo as questões pertinentes àquelas culturas e reconhecendo sua alteridade. Como bem aponta o missionário Iraquitan Carvalho, é preciso apresentar Jesus “com a vida e com as palavras, com paciência e repetidas vezes” tornando real para o convertido indígena que “quem se torna crente, não deixa de ser índio”.

A continuação do texto pode ser encontrada na coluna Sandra Mara Dantas, aqui no Radar Missionário.

Colunista: Sandra Mara Dantas

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