Diante do conhecimento de Deus, entendendo o plano da salvação, o cristão precisa avançar para alcançar a segunda parte da aliança de Deus com Abrão, que diz Ralph Winter, que “somos abençoados, para abençoar”, (Gn 12.2). Abençoar consiste em compartilhar o que temos recebido de mais precioso que é a salvação, por meio da pregação do Evangelho.
Nesse entendimento a área que estudamos com mais intensidade sobre esse assunto é a missiologia, que busca compreender os desafios de encarnar à Grande Comissão, como sendo a aplicação do segundo grande mandamento, que é “amar ao próximo como ti mesmo”.
Nos seminários a teologia pode ser percebida uma lacuna, quanto ao assunto de missões, evangelismos, estratégias, porém embora pouco se fala, mas biblicamente constitui na manifestação do “amor para com o próximo”, que é o segundo grande mandamento.
Foi pensando em debater o papel da Igreja que teólogos, missiologos, se uniram em Lausanne, na Suiça em 1974. Esse evento foi realizado dando continuidade as discussões iniciadas anos antes. Em 1966, em Berlim, no Congresso Internacional de Evangelização Mundial, e também nos Congressos Regionais, como o CLADE I, em Bogotá, Em 1969 na Colômbia (de onde saiu a ideia da fundação da Fraternidade Teológica Latino-Americana — FTL), e que prosseguiria com o trabalho da Comissão de Lausanne para a Evangelização Mundial (LCWE). Lausanne foi o grande momento do Evangelicalismo ( um movimento teológico que enfatiza a experiência de conversão como ponto de partida da vida cristã), que traça as suas origens em John Wycliffe, na pré-reforma.
Entre os participantes podemos destacar: Billy Graham a John Stott, de René Padilla, Samuel Escobar e Orlando Costas a Samuel Kamaleson, Saphir Athial, Gotrfried Osei-Mensah, Festo Kevengere, de Harold Lindsey, Ralph Winter, Donald McGavran a Luis Palau e Francis Shaeffer, para nominar apenas alguns. Do Brasil, pode ser citados os pastores Nilson do Amaral Fanini e Robson Cavalcanti.
O Congresso Lausanne, na Suiça em 1974 foi marcado pela riqueza de seu conteúdo, com exposições bíblicas, estudos bíblicos, análises de conjuntura, reflexões teológicas, estudos regionais e elaboração de estratégias missionárias, e uma riqueza de nomes (cerca de 250 oradores e painelistas).
Lausanne foi um divisor de águas porque os evangélicos foram desafiados a repensarem suas posições teológicas em relação à missão. Lausanne provou ser um novo começo à medida que os evangélicos estavam preocupados em reavaliar sua teologia missionária. Tanto nos discursos e nas declarações de Lausanne havia uma nota de arrependimento. A importância desse evento é marcada pelo resultado, por conseguir um maior sentido de unidade entre os evangélicos, em um renovado compromisso com a missão mundial da Igreja e uma internacionalização do envio e do recebimento missionário.
A teologia e a missiologia por mais que pareçam assuntos distintos, continua sendo a criação de pontes, que ligam os conceitos demonstrando que biblicamente a manifestação do nosso amor ao Senhor, continua sendo por meio da atuação prática. E o local continua sendo as reuniões como ambiente para propor planejamentos, seguindo o exemplo bíblico em Atos.15, em que foi o registro da primeira reunião de liderança da igreja, tornando-se a referência para estabelecer Sínodos, Concílios, Convenções, congressos, entre outros.
Ainda sobre o Congresso realizado na Suiça, entre os dias 16 a 25 de Julho de 1974, vale ressaltar que o evento com o tema: “Que a terra ouça a voz de Deus”, foi muito especial porque entrou para o marco da igreja. Segundo historiadores, as decisões desse evento, o “Pacto de Lausanne”, foi apontado como um dos três documentos doutrinários mais importantes da Igreja, ao lado do Credo dos Apóstolos e da Confissão de Westminster. Na época a tradicional revista americana TIME, denominou o Congresso de Lausanne de “O Vaticano II dos Evangélicos”.
A semente plantada no I Congresso Lausanne sobre Evangelização Mundial levou a realização do II Congresso Lausanne em Manila, Filipinas (1989), e ao Cape Town 2010 – III Congresso Lausanne sobre Evangelização Mundial, realizado em colaboração com a Aliança Evangélica Mundial.
E a nomenclatura utilizada para falar de uma região de difícil pregação do Evangelho e que tem pouquíssimos obreiros, chamada de Janela 10-40, originou-se com Luis Bush durante a II Conferência de Lausanne, em Julho de 1989. Compreende a faixa retangular da Terra, entre as linhas de 10 e 40 graus ao norte do Equador, que se estende do oeste da África, passando pelo Oriente Médio e chegando até a Ásia é fundamental para o investimento nesses locais.
Como esse assunto é de suma importância para que Missões, vamos dar continuidade nesse assunto na semana que vem. Nos próximos textos abordaremos sobre a Teologia de Lausanne, Lausanne e a Cultura, Missão e Cultura: texto de uma coletânea, entre outros.
Texto objetivo, num caráter mais informativo, mas que traz as informações necessárias ao entendimento do caráter e significado do pacto de Lausanne. Recomendo.