No versículo “Amar a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a ti mesmo” (Mt 22:34-40), possui dois mandamentos que fundamentam a fé cristã. Deus espera que cumpramos Seu desejo, como demonstração de nossa gratidão pelo que temos recebido dele.
Amar o próximo exige um certo esforço, pois, implica em ações. É ser canal de bênçãos e permitir que o outro seja abençoado através de você. É consentir também, que o ciclo do amor de Deus seja compartilhado com outros, por isso a fé, exige um sinal de sua existência, pois ela não se estabelece por meras convicções teóricas, mas por atitudes (Tg 2.14-18).
Compartilhar as “Boas Novas” consiste na demonstração do nosso amor para com o próximo, e obediência ao desejo de Deus. “Se pelos frutos se conhece a árvore” (Lc 6: 44), nosso amor a Deus está interligado pelo meu comportamento com o próximo (I Jo 4: 20,21).
Morei alguns anos no Oriente Médio, e descobri o peso de certas palavras e atitudes entre muçulmanos e cristãos. No primeiro contato com mulheres muçulmanas, as perguntas frequentes eram: Você é cristã? E por entender um pouco da cosmovisão embutida por trás dessa pergunta minha resposta era: Não! Pois, o entendimento da maioria sobre cristãos do ocidente, remete-se ao que veem nos filmes de Hollywood (pois os Estados Unidos da América (EUA) é um país cristão). Ou, como cristã brasileira (e aqui também é um país cristão), que dançava nua na rua, uma vez que, o Brasil tem o carnaval como uma festa cultural.
Nesse aspecto, a pergunta: “Você é cristã?”, na mentalidade das pessoas de um pano de fundo rígido, devido à religião que professam, tinha a seguinte conotação: “Você é leviana? Afinal de contas em seu contexto nem beijo na boca passa na televisão”.
A outra pergunta que me faziam era: Então, você é muçulmana? Também respondia que não e afirmava: “Sou seguidora de Jesus, e creio no Seu livro. O que está escrito, eu creio e obedeço!”. O retorno que tinha era: “Então você é diferente. ”
Se como cristã já amava a Bíblia, vivendo no Oriente Médio passei a ver a Palavra do Senhor com outros olhos, e esta frase “creio no Seu livro e obedeço”, mexeu bastante comigo.
A vontade do Senhor precisa ser considerada por nós, pois a Bíblia, mostra que nossa salvação, pela fé em Cristo, está interligada com nosso comportamento com o próximo (obras). A não concordância com a Bíblia, coloca em xeque, a esperança, quanto a eternidade com Deus.
Uma lição que me impactou vivendo entre muçulmanos, foi ver comportamentos que justificavam o comprometimento quanto a fé. Muito diferente da realidade entre cristãos no ocidente. Ali, me lembrava sempre, do que diz as Escrituras: “Aplicai os vossos corações em vossos caminhos” (Ag 1: 1-9), O profeta Ageu relata um período em que o povo de Israel estava comprometido consigo mesmo, deixando de lado a reconstrução do templo. Suas casas estavam revestidas de madeira de cedro, e o templo estava deserto. Será que somos diferentes ou temos nos preocupado somente com nossas coisas?
Na prática, como tem sido nossas prioridades? E como tem sido nossas orações? Será que nos preocupamos somente com a nossa família, finanças, relacionamentos, bens, saúde, concursos. Temos nos preocupado com as necessidades de outros?
Como tem sido nosso amor ao próximo? Temos aplicado nosso coração em nosso caminho? A palavra de Deus nos adverte a termos compaixão, e que supramos as necessidades do próximo como: “dar água ao sedento, comida ao faminto, roupa a quem está nu, visitar enfermos, os encarcerados, e cuidar dos estrangeiros”. Temos obedecido essa orientação? (Mt 25: 35-46). Temos compartilhado do Evangelho? (Mt 28: 18-20). Na nossa agenda semanal temos conseguido tempo para amar o próximo?
Meus queridos, precisamos amar a Deus sobre todas as coisas, e ao próximo como a ti mesmo.
Irinéa Matos – Mobilizadora e Coordenadora de curso de missões CAAM; missionária transcultural do Semap, com experiência no Oriente Médio; Colaboradora do Radar Missionário.