Mais um ataque do E.I (estado islâmico), mais medo, mais perguntas, mais dúvidas, mais preconceitos… E os muçulmanos da minha cidade? E os refugiados Sírios que estão chegando ao Brasil? Como cristão, seguidor de Jesus posso fazer alguma coisa?
Cuidado com o que você ouve, cuidado com o que entra em seu coração, pois várias vozes tem se levantado aumentando o preconceito contra os Árabes, contra os muçulmanos Árabes e contra os refugiados no Brasil.
A seguir gostaria de compartilhar alguma ideias, baseado na experiência de quase duas décadas caminhando com muçulmanos árabes e não árabes de diferentes partes do mundo.
1) AMANDO “FATIMAS” E “MUHAMMADS”: Como amar os Muçulmanos? Acho que esta pergunta é irrelevante pois, da mesma forma que existem bons e maus brasileiros e que nos relacionamos com a pessoa A e temos pouco relacionamento com a pessoa B, no Islã ocorre o mesmo.
Antes de ser muçulmano, eles são pessoas, tem nome, personalidade própria, etc. Tenho amizade por exemplo, com o Asad. Somos amigos, compartilhamos informações pessoais e sei que ele é muçulmano mais ou menos devoto. Jesus nos ensinou a amar o próximo, a amar pessoas como indivíduos, seja essa pessoa norueguesa, boliviana, refugiada haitiana ou síria.
Não sou amigo de “brasileiros”, não me relaciono com “brasileiros. Sou amigo de um brasileiro chamado João, Zé, Pedro. Sou amigo de um Libanês chamado Mahmud ou Feres.
Não pense em como “amar muçulmanos”, mas comece um relacionamento de amizade com pessoas próximas, e nesta caminhada aprenda sobre suas crenças e sobre a cultura de onde eles vieram e assim terá condições de introduzir um pouco da cultura local.
Ao contrário do que muitas pessoas pensam, os árabes são hospitaleiros, gostam de comer e conversar ao redor de uma mesa. Aprenda a cozinhar e a apreciar uma bela comida Árabe. Evite entrar em temas críticos ( politica, terrorismo, ofender ou fazer piadas de assuntos religiosos do islã )
2) A MAIORIA DOS MUÇULMANOS SÃO PESSOAS COMO EU E VOCÊ – DIGA NÃO AO PRECONCEITO: Garanto à vocês que a maioria dos brasileiros são do bem, as vezes encontramos alguns brasileiros nos semáforos de São Paulo roubando carros. As vezes encontramos brasileiros dizendo: “Aí irmão, perdeu!”.
Estes brasileiros não me representam e não representam TODOS os brasileiros. Uma minoria de brasileiros praticam furtos e são “ladrões de carteira”. Garanto a vocês que a maioria dos muçulmanos são pessoas do bem, pessoas como eu e você. Vestem diferentes roupas e falam línguas diferentes da nossa.
A maioria deles não pratica furtos, nem é “ladrão de carteira” , muitos menos terrorista capaz de explodir um ônibus ou entrar em um bar e metralhar outros em nome da religião.
3) A MAIORIA DOS MUÇULMANOS SÃO MODERADOS: Não é o propósito deste artigo, mas vale ressaltar que o Estado Islâmico é parte sim do Islã, ao contrario do que dizem os lideres das grandes nações, os programas de TV e os muçulmanos moderados. Uma pequena prova disso é a foto acima. Considerado o articulador dos atentados de Paris e morto dia 18 de novembro de 2015, pelas forças antiterroristas francesas, o Belga Abdelhamid Abaaoud, com uma mão segura o Corão, livro que os muçulmanos acreditam ser escrito pelo próprio Deus (Allah), e com a outra mão segura a bandeira do E.I.
O que está escrito na bandeira preta é a base da teologia islâmica : “Não há deus mas Deus, e Maomé é o mensageiro de Deus” .
Embora esteja na bandeira terrorista do E.I, este credo, considerado um dos menores do mundo, é recitado pelos muçulmanos diariamente e também recitado por não muçulmanos no momento da reversão ( conversão ao islã )
A verdade é que apenas uma pequena porção de muçulmanos apresentam tendências radicais e uma menor ainda de radicais terroristas.
4) REFUGIADOS: QUATRO MIL DELES SÃO RADICAIS E ENTRARAM NA EUROPA. QUE MEDO! SERÁ QUE ELES TAMBÉM ESTÃO NO BRASIL? Acredito que muitas fronteiras, como a brasileira, faz parte do grupo de “fronteiras porosas”. Diria também que nossa politica de imigração também é porosa. Não temos uma politica para receber os refugiados. Mesmo sabendo que a maioria dos muçulmanos são pacíficos, não temos um protocolo para saber se as pessoas que aqui chegam pertencem ou não a grupos terroristas.
PARA OS REFUGIADOS: Meus amigos, sejam bem vindos ao Brasil. Aqui vocês encontrarão muitos brasileiros que ajudarão vocês a entrarem em nossa cultura e aprenderem a língua portuguesa. Deus abençoe os passos de cada família de Árabes Sírios, muçulmanos e não muçulmanos, em nossa Pátria amada.
PARA O GOVERNO BRASILEIRO: É preciso desenvolver uma polÍtica de triagem para receber os refugiados pois, por causa de uma minoria de loucos que tem usado interpretações radicais do Corão, vem ocorrendo uma insegurança nacional, medo e preconceito contra os muçulmanos árabes e não árabes que aqui vivem .
Que Deus ajude nosso governo a lidar com este “filtro” sem prejudicar àqueles que não se relacionam com terrorismo. Talvez possamos aprender com sistemas antiterroristas de países como Estados Unidos, França e Inglaterra. As olimpíadas estão a caminho e precisamos de um sistema seguro para fechar as portas aos que queiram fazer o mal em nossa terra.
Deus, obrigado pelo coração dos brasileiros.
Caminhando pelas ruas vemos “brasileiros europeus, africanos, asiáticos e de todos os tipos”
Somos um país acolhedor.
A maioria das pessoas que aqui chega quer permanecer.
Pedimos que afaste do coração de alguns o preconceito e o medo de receber Sírios, Marroquinos, Bengalis.
Ao mesmo tempo pedimos que ajude nossos governo a elaborar um sistema eficiente e não preconceituoso para impedir a entrada de pessoas que queiram substituir a paz pelo medo, preconceito e terror.
AMÉM
Texto: Dr. Jeferson Chagas – Conheça mais sobre ele clique aqui
Dr Jeferson atua há15 anos na área de Consultoria em Comunicação Transcultural e Estudos Islâmicos.