Preparar os cristãos para enfrentarem a perseguição. Essa é a missão do missionário Nathan*, que trabalha com o apoio da missão Portas Abertas. Em todo o Oriente Médio e no norte da África, ele visita líderes cristãos com o Treinamento de Conscientização sobre a Perseguição das Portas Abertas, fornecendo-lhes uma teologia bíblica sobre perseguição religiosa e conselhos práticos sobre como lidar com esta situação difícil, quando ela ocorrer.
A equipe da Portas Abertas visitou um desses treinamentos e conversou com Nathan sobre seu trabalho e ouviu como os cristãos de diferentes contextos respondem à realidade da perseguição religiosa em seus países e culturas.
“Quando você se sente perseguido?”. Quando esta questão é levantada em uma sala cheia de líderes cristãos, todos envolvidos em apoiar a Igreja Perseguida no Oriente Médio permanecem em silêncio. Mas depois de um momento de hesitação, quando sentem que há uma atmosfera segura ali, começam a falar.
“Eu me sinto perseguido quando estou em um ônibus público e o motorista coloca um CD com versos corânicos no volume máximo. Não há como ignorar isso; eles estão me forçando a ouvir aquela mensagem”, diz um dos participantes do treinamento.
“Qualquer coisa feita publicamente no Nome de Jesus nos colocará em problemas”, acrescenta outro. “Falar em público contra o ensino dos imãs e mulás é também algo ‘problemático’. E o que dizer de estar na companhia de cristãos que abandonaram suas origens muçulmanas? Isso definitivamente me causará problemas”.
O treinamento visitado pela equipe da Portas Abertas teve três dias de duração, proporcionando uma preparação para que cristãos enfrentem a perseguição religiosa em um país do Oriente Médio.
O missionário Nathan foi o facilitador desse treinamento, que ele tem ministrado em todo o Oriente Médio e Norte da África nos últimos anos.
“O objetivo é ajudá-los a entender a perseguição religiosa que eles sofrem, dando-lhes uma base teológica sobre isso. Assim eles saberão como entendê-la, biblicamente e historicamente”, explica Nathan ao compartilhar em uma conversa privada sobre seu trabalho com a equipe da Missão Portas Abertas.
Ajuda bem-vinda
Neste país particular, a pressão sobre os cristãos é tangível. Porém ela não é a mesma em todos os lugares, conforma explica Nathan.
“Realmente depende da região e de como os participantes respondem às perguntas. Quando realizamos esse treinamento em 2014 com um grupo de pastores evangélicos em um dos países do Oriente Médio, eles imediatamente falaram de forma aberta, responderam às questões e continuaram a pedir mais informações teológicas sobre o assunto”, contou o missionário.
Uma semana depois, Nathan deu o mesmo treinamento a outro grupo e a experiência foi completamente diferente. No começo, eles eram cautelosos, até desconfiaram do treinamento, porém um debate produtivo se desenvolveu naquele contexto.
“Tivemos debates muito intensos. Na verdade, este tópico [perseguição religiosa] é bem intenso. Nós lutaremos com perguntas como: ‘os cristãos devem pegar em armas para se protegerem da perseguição e do terrorismo?’. Por momentos, as emoções ficaram à flor da pele. Mas ao final, os 40 participantes celebraram a comunhão e oraram uns pelos outros”, contou.
A Portas Abertas tem apoiado o desenvolvimento deste treinamento para tentar fornecer respostas às perguntas dos cristãos que vivem neste contexto de intolerância religiosa, buscando o que a Bíblia tem a dizer sobre a perseguição.
Uma passagem chave no treinamento é Mateus 10: 11-42, onde Jesus prepara seus seguidores para ser perseguidos, odiados, excomungados e até mortos por causa de sua fé.
Enquanto Nathan trabalhou com pastores e também cristãos novos convertidos no mundo árabe, nenhum deles havia sido treinado e conscientizado sobre a perseguição religiosa durante seus estudos bíblicos anteriores.
“De alguma forma, isso é um ponto cego nos seminários e escolas bíblicas”, diz ele. “Para muitos de nós, é realmente algo revelador saber que a Bíblia tão claramente prepara os cristãos para serem perseguidos e enfrentarem este contexto de perseguição”.
*Os nomes citados nesta matéria são fictícios e os locais não especificados por motivos de segurança.
Fonte: Missões Portas Abertas