Muitos missionários em diversos países estão voltando do campo por falta de recursos, outros tornando-se fazedores de tendas e alguns deixando missões, parece que a coisa anda de mal a pior para o trabalho entre os muçulmanos, mas o que Deus está fazendo diante disso?
Meados da década de 80 nossa nação começou a ser chamada de “celeiro de missões” por alguns estudiosos que viam o Brasil como um grande potencial (1). Quatro meses depois do lançamento do plano da nova moeda brasileira o Real em 1994, o dólar atingiu os incríveis R$ 0,82 (2), nossa moeda estava mais forte do que o Dólar Americano, um sonho para os viajantes. Brasil se torna a segunda nação que mais investe em missões, atrás apenas dos Estados Unidos (3). Pegando carona com a alta do Real, muitos missionários brasileiros foram enviados.
Em 2016 as coisas mudaram muito, ainda somos um “Celeiro”, só que bem vazio. Fiz parte da leva de obreiros do ano 2000, hoje vejo amigos voltando do campo sem recursos para sobreviver, outros com graves problemas psicológicos, alguns se divorciando, e muitos soldados feridos.
A força missionária brasileira entre os muçulmanos nunca passou de 3% de tudo que é investido, não se ouve mais sobre grandes projetos levando equipes de tempo integral aos filhos de Ismael.
Na contramão dessas baixas, vemos que Deus não desistiu dos muçulmanos e um estudo sobre os movimentos entre os ismaelitas de David Garrison, nos mostra que nunca na história, tantos islamitas foram alcançados como na nossa geração.
David Garrison é autor de nove livros sobre formas que Deus está atuando entre os não alcançados, com vasta experiência missionaria, Garrison trabalhou arduamente junto com uma equipe numa pesquisa que virou livro titulado: Um Vento na Casa do Islã (Dar-al-Islam), Editora Esperança e MEAB 2016.
O autor esteve em Julho de 2016 ensinando em Foz do Iguaçu na missão MEAB (Missão Evangélica Árabe do Brasil), e em Cidade do Leste no Paraguai. Tive o privilégio de participar deste treinamento e de passar uma tarde de bate papo com David.
Ele me contou que foram mais de 1000 ex-muçulmanos entrevistados por ele e a equipe em vários países que chama de “Cômodos na casa do Islã”: norte da África, África ocidental, mundo árabe, África oriental, mundo persa, Turquistão, parte ocidental do sul da Ásia, parte oriental do sul da Ásia e indo-Malásia. Alguns destes locais foram o berço do Cristianismo.
Numa das noites de treinamento, o palestrante apresentou um quadro que destaca a onda de movimentos entre os muçulmanos. Segundo a pesquisa, do século I do Cristianismo ao X não houve nenhum movimento, já no XI surgiu o primeiro, no XII e XIII zero movimento, no XIV – dois, no XV ao XIX – nenhum, no século XX – apenas dois, agora no XXI temos mais de sessenta e nove movimentos de muçulmanos vindo a Cristo.
Sem dúvidas há uma grande diferença entre os séculos, e esses “Ventos” estão aparecendo não só pelo investimento da igreja em missões, mas Deus atuando em corações nos lugares mais remotos. Nunca na história o Senhor se revelou pessoalmente tanto como agora, são milhares de novos convertidos que encontraram a verdade em sonhos, visões e revelações, muitos só aperfeiçoaram a fé quando leram porções da Bíblia.
Segundo o autor, ele começou a pesquisa de maneira muito informal, com um questionário, mas isso não deu muito certo, pois as pessoas queriam contar histórias, então, as dezenas de perguntas se converteram em uma só: “O que Deus fez para traze-lo a fé em Cristo? Conte-me sua história” (4).
Esses “ventos na casa do islã” são grupos de novos convertidos entre os muçulmanos que estão alcançando familiares, amigos e líderes, são pessoas sem treinamento bíblico ou missiológico, que estão abrindo novas igrejas, cultuando de maneira primitiva, ou seja, como nas primeiras igrejas.
Devemos sim considerar que milhares de fiéis oram todos os dias pela salvação dos muçulmanos, e esses clamores estão chegando até Deus. Garrison mostrou que muitos desses movimentos estão em lugares que o evangelho é proibido, resultando em milhares de igrejas secretas, são irmãs e irmãos que vivem uma vida de riscos, mas que se multiplicam pela graça de Deus.
Mesmo que a situação de missões no Brasil e no mundo aos nossos olhos não anda boa devido à crises financeiras e esfriamento espiritual, é crescente a quantidade de muçulmanos que aceitam a Jesus. Realmente os campos estão brancos, mas faltam ceifeiros.
A pesquisa de David é animadora, pois mostra Deus atraindo os não alcançados, e para nossa reflexão, isso está acontecendo com uma pequena participação da igreja, Deus é quem está dando os primeiros passos nesses movimentos entre os filhos de Ismael, certamente, este exemplo do Senhor deve ser seguido.
“O vento sopra onde quer. Você o escuta, mas não pode dizer de onde vem nem para onde vai.
Assim acontece com todos os nascidos do Espírito” (João 3:8)
Texto: Jornalista Cilvio Meireles
Leia 40 páginas do livro em:
https://issuu.com/esperanca/docs/um_vento_na_casa_do_isl___-_flippin
Para adquirir o livro completo: contato.meabrasil@gmail.com