Na 22ª edição da Bienal do livro de São Paulo em 2012, um estande de livros chamava a atenção. As prateleiras continham dezenas de livros sobre a religião islâmica: Exemplares do alcorão, livros explicativos sobre o papel da mulher no Islã dentre outros, eram oferecidos gratuitamente. Tratava-se de proselitismo de uma das religiões que mais crescem no mundo.
Pensando no aumento da presença muçulmana no Brasil, temos o seguinte quadro: Em 2010, o último censo apontava para 600 mil muçulmanos. Em menos de 10 anos, esse número quase dobrou, atingindo 1,5 milhão de adeptos. Na cidade de Embu das Artes, grande São Paulo, dentro comunidade Cultura Física, a primeira mesquita foi inaugurada, demonstrando que o Islã tem penetrado em todas as classes sociais, inclusive as mais pobres.
É verdade que a representação muçulmana em nossa pátria é pequena, algo que não corresponde a 1% da população brasileira. Mas é como diz o ditado de grão em grão a galinha enche o papo.
Islâmicos no Brasil: Oportunidade
A propósito da crescente presença de muçulmanos em nosso país, resultado do movimento de imigração ou por outros motivos, como o suposto interesse de se “islamizar” o Brasil, o fenômeno é visto pelos missionários como oportunidade. Charlotte Cruz esteve em missão no Oriente Medio durante 5 anos, e de volta ao Brasil ela continua exercendo seu ministério supervisionando obreiros no mundo árabe por meio da CCI Brasil (Crossover Communications International), e tem trabalhado com foco nos muçulmanos que tem chegado como refugiados. “É uma grande oportunidade tê-los em nosso solo, alguns deles são de países bem fechados, onde dificilmente nós conseguiríamos colocar um missionário lá dentro. Aqui temos liberdade, ninguém vai nos perseguir ou nos prender, não precisamos aprender árabe para falar de Jesus para eles. Estamos em vantagem em relação aos missionários transculturais”, disse Charlotte.
Uma vez que eles estão chegando, qual é a postura que a igreja evangélica brasileira deve adotar? Para Charlotte, só há uma coisa a fazer: Amá-los. “Temos que desmistificar as ideias pré-concebidas em nosso coração, de que todos os muçulmanos são fundamentalistas, terroristas e querem nos fazer mal. Aprender a cultura e como eles pensam é importante, mas o que vai atraí-los a Cristo é a aproximação, o relacionamento, tratá-los como ser humano, como gente. Temos que entender que o princípio do evangelho é básico, simples, é amar o próximo; temos que servi-los, ajudá-los, até que percebam que você é normal e nutri um relacionamento diferenciado com sua mulher e sua família. Assim vão compreender que no mundo ocidental existem pessoas que obedecem à Palavra de Deus.”
Por que o Islã tem se mostrado atraente para o ocidente?
A missionária Charlotte Cruz aponta para um dos motivos que explica esse crescimento. “O muçulmano é determinado e está disposto a pagar o preço de ir até às últimas consequências por sua fé. Em alguns países da Europa, onde há ausência de Deus, onde pessoas já não acreditam mais em nada, quando veem pessoas dispostas a morrerem pelo que acreditam, isso é atrativo; como por exemplo, os adolescentes que são atraídos por questões diferentes; tenho depoimentos de pessoas que se reverteram ao Islã (termo usado pelos muçulmanos) as quais confessaram que os motivos da conversão é a atração pelo diferente. Eles pegam nossos pontos fracos e aplicam como o amor ao próximo, a lealdade; sabe aquele princípio bíblico de considerar os outros superiores a nós, que muitos de nós não levamos a sério? Eles levam; então a amizade dentro do contexto islâmico é algo importante, eles pregam muito isso; desse modo, cristãos que já foram machucados pela ausência desses valores da vida cristã, quando os percebem no convívio entre muçulmanos, sentem-se atraídos e passam a pensar: eu estava enganado sobre eles, isso só pode ser de Deus”, concluiu Charlotte.