Samira nasceu em Mogadixo, capital da Somália. Ela tem 28 anos e é solteira. Faz cinco anos que ela chegou aqui
no meu país de ministério, no Oriente Médio, na condição de refugiada.
No início do ano, ela começou a frequentar as aulas de inglês no centro de desenvolvimento comunitário onde ensino. Logo nas primeiras semanas de aula, percebi que Samira mantém o hábito de chegar à sala de aula com uma hora de antecedência. Durante o período de espera, ela costuma tirar da bolsa o seu tapete de oração. Em seguida, ela se posiciona na direção da Caaba, em Meca, na Arábia Saudita, e faz uma das cinco orações diárias, seguindo os preceitos islâmicos. Samira acredita que a observância dos cinco pilares do Islã, os quais incluem as orações ritualísticas, contam como mérito pessoal diante de Deus. Todavia, para ela, a salvação é uma incógnita. Apesar de todo esforço religioso prescrito, a teologia islâmica não oferece aos muçulmanos segurança de salvação. Quando perguntado, nenhum muçulmano, por mais religioso que seja, ousa dizer onde passará a eternidade.
Os anos que tenho de vida cristã são quase os mesmos que Samira tem de vida. É constrangedor pensar que desfruto do Evangelho ao longo de todo esse tempo, enquanto ela, sequer, teve uma única oportunidade de ouvir que Jesus é o autor da salvação. Samira desconhece que o Cristo ressurreto realizou uma obra capaz de perdoar iniquidades, regenerar pecadores e reconciliar o perdido espiritualmente com Deus. Contudo, agora, Samira está mais perto de saber. Além da interação em sala de aula, desenvolvi um plano estratégico para compartilhar as boas novas com ela de forma ousada, estratégica e eficaz. Também tenho intercedido regularmente para que Samira e os meus outros alunos, todos oriundos de povos não alcançados, tenham a oportunidade de encontrarem o Salvador.
Apesar de interagir com povos não alcançados ao longo dos últimos 20 anos, confesso que conviver com pessoas que nunca ouviram o Evangelho ainda me surpreende e me deixa envergonhado. É plausível não me sentir assim diante das palavras do apóstolo Paulo aos irmãos de Corinto? “Pois alguns ainda não têm o conhecimento do evangelho e digo para vergonha vossa.” (1 Coríntios 15.34.)
Um Deus missionário
A missão emana de Deus. Ao longo da história bíblica encontramos um Deus em missão. Isto é, trabalhando em todo o tempo para resgatar a humanidade que se desviou por causa do pecado.
As Escrituras ensinam que Deus amou a humanidade sobremaneira e, na plenitude dos tempos, enviou o Seu Filho ao mundo em uma missão de redenção. Como resultado, Ele entregou a Sua vida a fim de conceder vida eterna aos que creem, segundo a descrição do evangelista João (João 3.16-17).
Se o Deus missionário enviou Cristo ao mundo, por que Ele não enviaria a Igreja? Em plena conformidade com a Sua natureza missionária, Deus agora envia a Igreja ao mundo, conforme Jesus esclareceu aos seus discípulos: “Paz seja convosco! Assim como o Pai me enviou, eu também vos envio.” (João 20.21).
Logo, a permanência dos crentes neste mundo, após a experiência de regeneração, está diretamente ligada
à tarefa de proclamar as grandezas de Deus e fazer discípulos de todas as nações. A afirmação do apóstolo Pedro aponta para essa verdade ao destacar o propósito divino ao estabelecer estrategicamente os crentes neste mundo: “Porém, vós sois geração eleita, sacerdócio real, nação santa, povo de propriedade exclusiva de Deus, cujo propósito é proclamar as grandezas daquele que vos convocou das trevas para sua maravilhosa luz.” (1 Pedro 2.9)
Por que estamos aqui? Deus não nos levou para o céu, após a nossa experiência de regeneração, por causa de pessoas como Samira. Deus nos mantém aqui para o cumprimento da tarefa da Grande Comissão, conforme destaca MacArthur Jr.: “O Senhor deixou a Igreja sobre a terra para evangelizar. Se os salvos apenas louvassem, iríamos para o céu, onde o louvor é perfeito. Se somos salvos para servir a Deus, vamos para a glória, onde poderemos servi-lo com o corpo glorificado. Se somos salvos para adorar, vamos para onde a adoração é perfeita. Porém, fomos deixados aqui para sermos seus instrumentos.”1 Portanto, estamos neste mundo para cumprir uma missão que visa a reconciliação dos homens com Deus.
Por Jairo de Oliveira
Jairo de Oliveira é missionário da PMI (Povos Muçulmanos Internacional) e da World Witness. Serve no Oriente Médio e é autor de vários livros, dentre eles: “Vida, ministério e desafios no campo missionário”. Para adquiri a obra completa ou saber mais sobre o livro Clique aqui
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