Os recentes conflitos envolvendo Israel e a Faixa de Gaza produziram muita apreensão aqui em nosso país de residência no Oriente Médio. Felizmente, os foguetes lançados pelo Hamas não têm poder de alcance suficiente para cruzar a fronteira e alcançar o nosso território. Contudo, em um país com uma população palestina estimada em mais de 60%, muita gente aqui viveu o conflito intensamente.
Conviver em um cenário com mais um país vizinho em guerra, somado à Síria e ao Iraque, gerou também aflição entre a população. Afinal, estamos falando de um contexto historicamente complexo e que já abriga uma das maiores populações de refugiados do planeta. O fato é que os recentes conflitos no Oriente Médio vieram reafirmar que vivemos em um mundo que padece de muitos males. Desse modo, desenvolver a tarefa da Grande Comissão (Mt 28.16-20), em nossa geração, é ir ao encontro de pessoas marcadas pelo sofrimento. Felizmente, as Escrituras dão testemunho de que Deus é capaz de conceder tesouros extraídos das trevas e riquezas retiradas de lugares secretos (Is 45.3), fazer rios saltarem da terra seca e abrir caminho nos desertos (Is 53.19). Portanto, podemos esperar que o Todo-Poderoso restaure as vidas mais arruinadas, transforme as situações mais improváveis e cure as dores mais profundas.
Ao considerar a nossa parte na missão, cabe-nos a humildade de reconhecer que, na condição de discípulos, não temos uma missão divorciada da missão de Deus. Pelo contrário, é na missão de Deus que encontramos o fundamento da nossa missão. Afinal, a igreja é enviada às nações em consequência ao contínuo trabalho divino de trazer de volta a humanidade que se perdeu em Adão: “Assim como o Pai me enviou, eu também envio vocês” (João 20.21).
Na seara do Senhor, somos chamados na condição de “cooperadores de Deus” (1 Coríntios 3.9). Sendo assim, não assumimos a posição de protagonistas, mas de parceiros. Pois, por mais eficazes que sejam os nossos aparatos, em termos de preparo, estratégias e modelos de trabalho, eles são ineficientes para transformarem um mundo arruinado pelo pecado. Portanto, em nossa própria competência, jamais seríamos capazes de realizar o trabalho do reino.
À medida que caminhamos em nossa jornada como discípulos e embaixadores do evangelho, buscamos conduzir pessoas ao ungido de Deus que foi “desprezado e o mais rejeitado entre os homens, homem de dores e que sabe o que é padecer” (Isaías 53.3). O Cristo tem muito a nos ensinar sobre sofrimento, pois apesar de todas as aflições que suportou, ele venceu, dando a própria vida para nos livrar da culpa, do medo e da vergonha do pecado. Revestido de toda autoridade, aquele que ressurgiu dos mortos nos convoca para repartir o evangelho, acolhendo os que sofrem, participando dos seus sofrimentos e repartindo com eles o consolo divino.
Ao nos envolvermos com o sofrimento daqueles que são trazidos para perto de nós, Deus deseja promover consolação mútua, fazendo com que consolo divino seja repartido e um se torne parte da cura do outro: “É ele que nos consola em toda a nossa tribulação, para que, pela consolação que nós mesmos recebemos de Deus, possamos consolar os que estiverem em qualquer espécie de tribulação” (2 Coríntios 1.4). Assim, em nossa caminhada como embaixadores do evangelho, levamos transformação e somos transformados ao acolher, partilhar e caminhar com pessoas por quem Deus tem compaixão e andam “aflitas e exaustas como ovelhas que não têm pastor” (Mateus 9.36).
Que no cumprimento da missão, o Senhor nos use como sal e luz na vida daqueles que vamos encontrando pelo caminho. Que eles tenham uma oportunidade de recomeço e experimentem a vida em abundância que somente o Cristo ressurreto pode oferecer.
Colunista: Jairo de Oliveira