Em primeira pessoa, dando voz ao coro da equipe de missionários que estiveram em treinamento na Amazônia, Samuel Silveira relata sobre a experiência de viver entre os ribeirinhos

Passaram-se oito meses desde que uma equipe de alunos missionários em treinamento foi enviada para estarem entre os ribeirinhos da Amazônia. O que havia sido sonhado em julho de 2009 quando os pastores Gustavo Borja Bessa e João Osmar estiveram junto com o Ministério Asas de Socorro, realizando uma clínica na Comunidade de Jacarezinho e Bararuá foi contemplado. O sonho e resposta de oração estavam se encontrando em um mesmo lugar. O Evangelho estava chegando entre aqueles que ansiavam pela mensagem de Salvação.

No início outras comunidades comentavam que aquelas pessoas estavam nas comunidades para explorar alguma coisa deles, pois não é comum as pessoas virem de tão longe para ajudar. Mas aos poucos, graças à mão do nosso Deus, fomos ganhando a confiança do povo, e Deus pela sua infinita graça fez tantas coisas.

Neste tempo que passou tantos desafios foram conquistados e dificuldades superadas, mas a mão do Senhor sempre esteve presente sobre a equipe, e de maneira sobrenatural conduziu cada dia em triunfo como escrito em 2Co 2.14. Apesar do calor sempre intenso, os mosquitos e riscos de malária, a adaptação à alimentação bem diferente da de costume, e tantas vezes o desafio com algumas enfermidades foram superados. Tudo era compensado pela alegria de ver que as sementes lançadas começavam a brotar antes mesmo que se percebesse.

Um dos missionários, Gustavo, o dentista, comenta que desde o início a equipe aprendeu que nessa missão o segredo da Grande Comissão é a dependência do Espírito Santo. Missões não são para ‘super-heróis’, mas para cristãos com limitações que reconhecem que sem Deus não podem fazer nada, pois o poder não vem de nós, mas de Deus, somos apenas vasos de barro (2Co 4.7). A cada dia o Senhor proporcionava novas estratégias, e muitas vezes as maiores oportunidades de falar de Jesus ocorreram em conversas informais durante as refeições, no trabalho na roça, nas viagens de barco, etc. O Espírito Santo foi o nosso grande maestro, nos orientou, nos fortaleceu e nos sustentou em todo o tempo.

Apesar de ser uma comunidade de certa forma ‘fechada’ para evangélicos, conseguimos pregar o Evangelho e vidas se entregaram a Jesus. Aos olhos da equipe não foram muitas pessoas que se entregaram ao Senhor e demonstraram grande mudança de vida, mas sabemos que a semente foi lançada. Como diz o apóstolo Paulo, uns plantam, outros regam, mas Deus é quem dá o crescimento, os frutos virão e já tem começado (1 Co 3.6). Creio que essa obra foi iniciada, outros virão, regarão e o Espírito Santo fará crescer, pois a obra não é nossa, mas de Deus.

Podemos lembrar um Jesus que não apenas anunciava o Evangelho mas vivia-o como a sua própria encarnação, em seu dia a dia, esse é o nosso modelo e referência. As mulheres da nossa equipe (Gislaine e Elivane) estão conquistando a amizade das mulheres aos poucos, por meio das comidas que fazem, das conversas cotidianas e já iniciaram os trabalhos na escola com aulas para primário e de dança. Nós homens (eu, Magno e Lucas), também buscamos a amizade dos homens ribeirinhos em momentos de comunhão jogando futebol, ajudando na carpintaria, fazendo açaí, conversando e até ajudamos a cavar uma fossa para a vizinhança. Tentamos sempre servir ao povo de alguma maneira. Assim, a greja de Jesus nascia em mais uma comunidade onde anteriormente nem se podia falar de começar uma igreja.

Na comunidade de Jacarezinho a igreja já estava em crescimento e deu-se início um processo de discipulado e treinamento com os primeiros convertidos. O Mika e a Edith, além do líder da comunidade que apesar de ser novo na fé, tem demonstrado como realmente desejam ser uma testemunha do Senhor Jesus. A equipe está retornando do período de prático, mas traz no coração a certeza de terem lançado sementes que já começaram a germinar.

Recentemente tivemos a notícia de que novas comunidades se abriram para receber outras equipes para morarem entre eles. Uma destas comunidades fica onde as equipes começaram o trabalho, 40 minutos distante de voadeira (meio de transporte). Durante uma Clínica realizada nesta comunidade pela equipe do Asas de Socorro, foi cogitada a ideia de terem um grupo morando com eles, mas no primeiro momento hesitaram. Com a graça de Deus uma comunicação foi efetivada e foi permitida uma extensão da ajuda da equipe. Vemos que apenas o Evangelho vivido em forma de amor pode fazer algo tão tremendo e abrir portas para que o Evangelho seja levado aos povos não alcançados.

Algumas vezes me perguntava: “Como seria Jesus vivendo entre os ribeirinhos da Amazônia?” Hoje com certeza tenho esta resposta. Jesus entre os ribeirinhos certamente pode ser o Samuel, um Gustavo dentista, a Gisa, o Maguinho, o Mika, o José e tantos outros que um dia tiveram seus corações constrangidos pelo chamado ao serviço do Evangelho sendo vivido de maneira encarnada, remando pelos braços dos rios e de tempos em tempos parando às margens para abraçar e viver entre ribeirinhos, ainda que seja por apenas alguns dias, meses, ou tanto quanto for preciso para amá-los.

“Antes, como está escrito: Aqueles a quem não foi anunciado, o verão, E os que não ouviram o entenderão.” (Rom 15.21.) Onde Cristo não fora anunciado…

Equipe de missionários entre os ribeirinhos da Amazônia

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