No dia 24 de março é lembrado como o Dia Internacional para o Direito à Verdade para as Vítimas de Graves Violações dos Direitos Humanos. Em mais de 60 países ao redor do mundo, aqueles que tomam a decisão de seguir a Jesus são perseguidos e têm os seus direitos violados.
Qualquer grupo humano que é hostilizado ou não é reconhecido pelas pessoas e pelo sistema que detêm o poder pode ser considerado uma minoria. Eles não precisam necessariamente estar em menor quantidade — os cristãos, por exemplo, são a minoria mais perseguida no mundo atualmente, apesar de o cristianismo ser uma das religiões mais praticadas.
Na condição de minoria, os cristãos têm alguns de seus direitos básicos negados — como acesso à educação e saúde — ou não têm direito algum.
A situação pode ficar ainda mais complicada quando a pessoa, além de cristã, faz parte de outro grupo minoritário como, por exemplo, ser de uma etnia diferente.
Atualmente, na China, a igreja desfruta de liberdade, em comparação com os anos da Revolução Cultural, que forçou os cristãos a se reunirem clandestinamente. Hoje eles podem facilmente se matricular em uma universidade, carregar sua Bíblia na rua e ter um negócio lucrativo.
Mas isso não é verdade para todos os cristãos chineses. Ainda que a perseguição varie nesse vasto país, ela é certa e extrema para um grupo específico, que tem de praticar sua fé em segredo: os cristãos de etnias minoritárias, como os muçulmanos uigures ou os budistas tibetanos.
Ruby* é uma cristã de uma etnia islâmica da China. Ela se converteu há mais de dez anos e embora sua família saiba que ela é cristã, Ruby manteve segredo disso para seus vizinhos e amigos.
Muitos cristãos de sua comunidade vivem o mesmo drama que ela: sentem-se estranhos em qualquer parte. A família e outros indivíduos de seu grupo os rejeitam pelo fato de serem cristãos. Mas fora dessa comunidade, os demais chineses os desprezam por serem de outra etnia. Mais de 80% da população chinesa é da etnia han.
Embora o marido de Ruby tenha se tornado cristão, ambos se sentem solitários às vezes. “Há dois casais e algumas mulheres que se reúnem conosco. Fora eles, não temos contato com nenhum outro cristão”, ela conta.
A discrição e o isolamento de Ruby e seu marido não seriam suficientes para mantê-los longe de problemas se eles fossem de alguma minoria do país vizinho, Mianmar.
Há muitas etnias em Mianmar e todas elas são dominadas pelos birmaneses, o grupo que governa o país. As demais etnias têm lutado por sua independência, gerando conflitos e a fúria do governo central, o qual reprime com muita brutalidade qualquer manifestação.
Dentro desse cenário, os cristãos se veem desamparados porque são, em sua maioria, dessas etnias minoritárias. Some-se a isso o fato de o governo ser budista e patrocinar essa religião.
Moo, soldado de um grupo rebelde da etnia karen, afirma que, quando há confrontos entre rebeldes e o governo, propriedades de cidadãos cristãos são mais atacadas que as de budistas. “Os cristãos são atacados simplesmente porque a religião das tropas do governo é o budismo”, comenta Moo.
Muçulmanos são tratados com igual desprezo dentro de Mianmar. Em 2012, uma cristã foi presa por servir jantar e dar alimentos a muçulmanos que vagavam pelas ruas próximas à sua casa. “Quando os visitantes foram embora, as autoridades vieram e a prenderam por ‘trair seu país’, ajudando ‘inimigos do Estado’”, comentou uma fonte local. A mulher ficou detida por alguns meses e foi sentenciada a três anos de prisão; sentença que ainda está cumprindo. “Há muitos outros casos como o dela”, comentou a fonte.
Injustiça e desigualdade social sempre acenderam a ira de Deus. Ao longo da Bíblia e da história da humanidade, vemos leis que procuram resguardar os mais fracos; profetas que se levantam para condenar os injustos; ensinamentos que incentivam o amor ao próximo e desaprovam o preconceito.
Isso porque, aos olhos de Deus, todos são iguais — igualmente pecadores, igualmente carentes de sua graça. Ninguém consegue alcançá-lo baseado em sua etnia, classe social ou seu gênero. Apenas o sangue de Jesus pode emancipar todos os seres humanos à condição mais desejada de todas: filhos de Deus.
Assim, no reino perfeito que Cristo instalará, pessoas de toda tribo, língua, povo e nação serão feitas sacerdotes de Deus e reinarão sobre a terra, conforme a visão de João em Apocalipse 5.
Enquanto esse dia não chega, aqueles que já são cidadãos desse reino de justiça e igualdade trabalham para difundir esses ideais neste mundo. Eles sabem que, tanto aqui como lá, em Cristo, todos são um: “Não há judeu nem grego, escravo nem livre, homem nem mulher; pois todos são um em Cristo Jesus” (Gl 3.28).
*Nome alterado por motivos de segurança.
Fonte: Missões Portas Abertas