Estamos vivendo um tempo especial na história da Igreja onde a maior parte dos cristãos é indiferente, omisso, apático e alienado dos fatos que ocorrem no mundo. Ao mesmo tempo, uma parte pequena da mesma está interessadíssima em conhecer seu entorno social com os grandes desafios mundiais e atuar para mudar a história de vidas, raças, povos e nações. Os estudiosos eclesiásticos denominam estes cristãos de “consumidores” e “produtores”, afirmando que a Igreja no mundo é formada por 80% dos primeiros e 20% dos segundos.
Poucos têm conhecimento que cerca de 220.000 cristãos, segundo dados do historiador David B. Barret publicados na Enciclopédia Cristã Mundial, são martirizados todos os anos no mundo. Alguns até contestam tal número, mas a realidade é que muitos dos nossos irmãos morrem por sua fé nos mundos muçulmano, hindu e budista e em países fechados como Coréia do Norte, Mianmar e outros.
Uma história de perseguição aos cristãos
De acordo com o Novo Testamento, a perseguição aos seguidores de Jesus continuou após a Sua morte. Pedro e João foram presos por lideranças judaicas, incluindo o sumossacerdote Anás, que os libertou mais tarde (Atos 4.1-21). Numa outra ocasião, todos os apóstolos foram presos, mas teriam sido libertados por um anjo (Atos 5.17,18). Após escaparem, eles foram novamente pegos pelo Sinédrio, mas, desta vez, Gamaliel – um fariseu bem conhecido da literatura rabínica – convenceu o concílio a libertá-los (Atos 5.27-40).
Os primeiros crentes eram perseguidos e sofriam tanto nas mãos de judeus como nas do Império Romano. Essa perseguição perdurou do primeiro até o quarto século, quando Constantino I legalizou a religião cristã.
Mesmo durante os períodos de paz na história da Igreja, sempre houve perseguições aos cristãos que queriam ser fiéis à Palavra de Deus, mesmo que a perseguição viesse do próprio organismo que se autodenominava Igreja do Senhor Jesus como pela Igreja Católica na Era das Trevas. Tanto na História como na atualidade, cristãos ainda sofrem perseguição ao professar publicamente sua fé.
O tempo passou e, de acordo com Cindy Grauson (examinadora de perseguição cristã), no decorrer do século 20, mais cristãos morreram por sua fé do que em todos os outros séculos juntos. E, aparentemente, o século 21 vai superar essa marca. Apesar de o mundo proclamar uma globalização e a ONU (Organização das Nações Unidas) declarar o direito à liberdade religiosa como direito do ser humano, atualmente a perseguição religiosa – neste caso, aos cristãos – tem se intensificado.
Neste século 21 a história se repete e os cristãos são perseguidos por outros grupos religiosos, incluindo muçulmanos e hindus, e por estados ateístas, como a República Popular da China, e também por ditadores tirânicos, como os da Coréia do Norte e de Mianmar.
Os lugares mais perigosos para um cristão viver
Especialmente na Ásia, no Oriente Médio e no Norte da África a situação é extremamente gritante. Veja a situação em alguns países:
• Laos – A perseguição aos cristãos nesse país é forte e as leis aplicadas àqueles que abandonam os cultos.
• Mauritânia – Converter-se ao cristianismo é proibido nessa nação. Aqueles que o fazem são advertidos com ameaças de prisão ou morte.
• Afeganistão – Os cristãos têm que cultuar a Deus escondido e, quando descobertos, perdem família, casa e emprego. São espancados, presos e frequentemente assassinados.
• Coréia do Norte – Todos devem adorar os líderes Kim Jong-Il e seu pai. O regime acredita que seu poder entrará em colapso se não detiver a propagação do cristianismo. Descobertos, os crentes são enviados para os campos mortais de trabalhos forçados ou são secretamente executados.
A classificação dos países que estão debaixo de perseguição pode ser conferida aqui.
Além da perseguição religiosa sofrida por muitos cristãos, milhares estão em meio a vários pontos de conflitos ao redor do mundo, a exemplo da Península Coreana, Somália, África Central, Caxemira etc. A intensidade dos movimentos radicais que levam ao fundamentalismo religioso tem crescido assustadoramente. Por causa disso, ainda na presente década, milhares de cristãos serão levados à morte!
Apesar dessa dura realidade, é interessante que em alguns países islâmicos de línguas árabe, farsi e turca muitos estão se convertendo e os novos convertidos estão tomando coragem para compartilhar sua fé, pois estão sendo encorajados pelos programas radiofônicos e televisivos. Na Finlândia, o programa da TV Al Hayat para o mundo árabe tem mais de 50 milhões de acessos mensais por muçulmanos e aproximadamente 10 mil deles se convertem mensalmente. Um sheik da Arábia Saudita telefonou para a apresentadora do programa para confirmar sua conversão, dizendo que em sua sala havia outras 26 pessoas que também queriam tomar tal decisão, mesmo conscientes de que isto poderia custar suas vidas.
É tempo de acordar para a realidade
É tempo de a Igreja no Ocidente conscientizar-se de que deve orar pelos que estão sendo perseguidos e de que precisa levantar a bandeira destes, ajudar a minorar o seu sofrimento e os encorajar nos momentos mais difíceis de suas vidas. A Missão Horizontes tem produzido literatura para mostrar o sofrimento de cristãos que estão sofrendo na Coréia do Norte, na China e no mundo muçulmano – o que tem ajudado muito os “produtores” a orar pela Igreja Sofredora e pela Igreja Subterrânea.
O texto de Atos 1.8 – “Mas recebereis poder, ao descer sobre vós o Espírito Santo, e ser-me-eis minhas testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia e Samaria, e até os confins da terra” – é uma ordem aos cristãos de hoje também. Ser testemunhas implica estar em movimento e isto em todas as partes do mundo. Esta ordem não mudou, mas o preço é alto, pois no original grego a palavra “testemunhas” significa “mártir”!
A Igreja Primitiva nasceu sob a égide de Cristo, mas o preço foi o martírio dos primeiros líderes. Sejamos conscientes de que seguir a Cristo implica em ser perseguido, mesmo em países abertos, pois governos e movimentos liberais não querem ser regidos pelo senhorio de Jesus. Ao mesmo tempo, a glória é grande e o belo exemplo de Estevão, o primeiro mártir da Igreja, nos serve de grande encorajamento, pois no momento de sua morte ele viu o Céu aberto e Jesus assentado à direita do Pai.